Depois do surpreendente álbum de estreia homónimo, o projeto Miramar, dos guitarristas Frankie Chavez e Peixe, está de regresso com o seu segundo longa-duração, Miramar II.
Em Miramar (2019), Frankie Chavez e Peixe apresentavam uma proposta de diálogo instrumental que, apesar da sua originalidade e frescura, não deixava de evocar uma certa sobriedade dramática enraizada na tradição da música de guitarra portuguesa. Curiosamente, apesar de ter sido concebido e gravado em pleno confinamento (2020), Miramar II dá um passo em frente: é um conjunto de temas – mais luminosos, aventureiros, esvoaçantes… – que tanto nos remete para ecos da melhor música popular portuguesa do século passado como nos faz viajar, on the road, pelas desérticas paisagens do Texas.
Além de “Brower”, usado como primeiro avanço na divulgação deste segundo álbum, Miramar II inclui a pérola “Recolher”, tema que conta com a participação do pianista Mário Laginha – em colaboração inesperada, mas que tem tudo a ver com o programa estético e paisagista do duo. Outra surpresa é uma versão de “Celulitite”, de Conan Osiris.
A dupla Miramar resulta do encontro casual entre Frankie Chavez e Peixe no festival alentejano Guitarras ao Alto, em junho de 2017. A partir daí, surgiu este diálogo sem fronteiras: uma união que, além de poder ser apreciada nestes dois álbuns de qualidade assinalável, merece sobretudo a possibilidade da sua experiência ao vivo – que tem vindo a ser cada vez mais bem sucedida, um pouco por todo o país.
Ao Vivo, o Duo apresenta-se com imagens manipuladas em tempo real – Memorabilia” – uma seleção de filmes de arquivo em 8mm, feita pelo realizador Jorge Quintela, destacando-se este “concerto-filme” na mútua inspiração a que ambos os universos (musica – imagem) proporcionam e que o público facilmente absorve.